quinta-feira, 28 de junho de 2012


Ancestral do homem comia cascas de árvores, indica análise dentária

'Australopithecus sediba', que viveu há dois milhões de anos, tinha dieta semelhante a dos chimpanzés atuais

Pesquisa analisou tártaro na arcada dentária do 'Australopithecus sediba' e encontrou vestígios de cascas de árvore. Dieta assemelha-se à dos chimpanzés da savana africana
Pesquisa analisou tártaro na arcada dentária do 'Australopithecus sediba' e encontrou vestígios de cascas de árvore. Dieta assemelha-se à dos chimpanzés da savana africana (Reprodução)
Australopithecus sediba, ancestral do homem, tinha uma dieta diferente da de outros hominídeos analisados até então.  Sua alimentação incluía cascas de árvore, em vez de folhas e frutas mais tenras. A descoberta foi publicada nesta quarta-feira (27) na revista Nature.

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'AUSTRALOPITHECUS SEDIBA'
O fóssil deste espécime foi encontrado em uma caverna em Joanesburgo, na África do Sul, em 2008. Tinha cérebro grande, dentes maxiliares reduzidos e vivia predominantemente na África oriental. Ao contrário de outros Australopithecus já estudados, o sediba também se alimentava de cascas de árvores, em vez de comer predominantemente folhas e frutos.
O estudo foi feito por um grupo de pesquisadores internacionais ligados ao Instituto de Antropologia Evolutiva Max Plank, da Alemanha. Eles analisaram o tártaro nos dentes do hominídeo, que serviu como meio para fossilizar os restos de alimentos.
“Devido à morfologia muito semelhante aos demais espécimes, esperávamos que os hábitos alimentares fossem mais ou menos parecidos com outros Australopithecus já estudados, ou mesmo com os primeiros homens”, disse Amanda Henry, do Max Planck. Para ela, os hábitos alimentares indicam que o Autralopithecus sediba, descoberto em 2008 em uma caverna de Joanesburgo (África do Sul), consumia alimentos de um habitat arborizado e fechado, incluindo alimentos duros.
Dieta dos chimpanzés — Para chegar a esta descoberta, o grupo de pesquisadores internacionais começou pelo bombardeamento dos dentes com um laser para extrair carbono acumulado no esmalte.
Diferente dos dentes de 81 outros hominídeos testados até hoje, que continham uma forma de carbono característica de folhas e plantas, os do Australopithecus sediba continham carbono das árvores e arbustos. A descoberta sugere que este primata comia, pelo menos durante parte do ano, casca e outros tecidos lenhosos.
Para verificar este resultado inesperado, os cientistas recorreram a uma nova técnica: recolher dos dentes um pouco de tártaro, a placa mineralizada dentária familiar para os dentistas modernos, e analisar os minúsculos fragmentos vegetais fossilizados que permaneceram presos por dois milhões de anos, onde foram encontradas as cascas de madeira.
"Tal dieta nunca foi atribuída a hominídeos africanos até o momento, e assemelha-se à forma de alimentação dos chimpanzés da savana africana atuais", disse o antropólogo Paul Sandberg, da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, que participou do estudo. "A dieta alimentar é um dos aspectos fundamentais do animal. É o que dita seu comportamento e seu nicho ecológico", disse.
"Parece que, há cerca de dois milhões de anos, havia várias espécies de hominídeos que utilizaram diferentes ambientes de diferentes maneiras. Cada espécie estava bastante focada em seu ambiente específico com um determinado comportamento", afirmou o pesquisador. "Não muito tempo depois, vimos a chegada do Homo erectus, uma espécie que era capaz de se mover e se virar em todos esses ambientes diferentes, o que foi uma grande mudança."
(Com agência France-Presse)

sábado, 23 de junho de 2012



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sexta-feira, 15 de junho de 2012


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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Fóssil de 10 milhões de anos encontrado no Quênia teria pertencido a uma espécie muito próxima do último ancestral comum entre humanos, chimpanzés e gorilas (foto: Pnas)


13/11/2007

Agência FAPESP – Uma nova página na história da evolução acaba de ser aberta com uma rara e importante descoberta feita no Quênia. Com idade estimada em 10 milhões de anos, uma mandíbula encontrada pode representar um novo tipo de primata.
Segundo os paleontólogos responsáveis pelo estudo do fóssil descoberto em depósitos vulcânicos na região de Nakali, a mandíbula, com 11 dentes, teria pertencido a uma espécie muito próxima do último ancestral comum entre humanos, chimpanzés e gorilas.
A última vez que um fóssil humanóide com essa idade foi descoberto havia sido em 1982. Peças do período são tão raras que alguns cientistas propuseram que o último ancestral comum teria retornado da Europa ou da Ásia, mas o novo estudo indica que a espécie teria evoluído mesmo no continente africano.
A pesquisa foi feita por um grupo de pesquisadores do Japão, Quênia e França. Coordenada por Yutaka Kunimatsu, do Instituto de Pesquisa em Primatas da Universidade de Kyoto, terá resultados publicados esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
“Estudos moleculares recentes sugerem que a divergência entre humanos e chimpanzés teria ocorrido entre 7 milhões e 5 milhões de anos atrás e a divergência com gorilas de 9 milhões a 8 milhões de anos. Conseqüentemente, o Mioceno Superior (de 11 milhões a 5 milhões de anos) é o período crucial para compreender as origens dos humanos e dos grandes primatas africanos, mas, infelizmente, os registros são extremamente pobres após 13 milhões de anos”, destacaram os autores.
A nova espécie, denominada Nakalipithecus nakayamai, reúne diversas semelhanças com o atual candidato a mais recente ancestral comum entre os grandes primatas, o Ouranopithecus macedoniensis, descoberto na Grécia.
Mas, de acordo com o estudo, alguns detalhes na dentição do N. nakayamai, que indicam uma dieta menos especializada do que do O. macedoniensis, colocam o fóssil agora analisado em um novo gênero.
O artigo A new Late Miocene great ape from Kenya and its implications for the origins of African great apes and humans, de Yutaka Kunimatsu e outros, pode ser lido por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
Fonte: Agêrncia FAPESP
http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=8030