Inimigo das dietas? Carboidratos seriam chave da evolução
Em novo estudo, cientistas afirmam que dieta rica em carboidratos foi uma importante vantagem evolutiva
BBC BRASIL.com
24 ago 201508h35
atualizado às 17h09
Eles têm má reputação entre quem quer perder peso, mas tudo indica que,
há milhares de anos, alimentos ricos em carboidratos - como os
tubérculos - foram cruciais para que ficássemos mais inteligentes.
Ao menos é esta a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores da
Universidade Autônoma de Barcelona, University College of London e
Universidade de Sydney, que afirmam que o consumo de plantas ricas em
amido foi fundamental para a evolução de nossa espécie. E a razão é
simples: a glicose é um dos principais combustíveis do cérebro.
Segundo o estudo, o desenvolvimento de nossa capacidade de obter
açúcares dos carboidratos - e, em particular, dos amidos - sustentou o
acelerado crescimento do cérebro "que começou a notar-se a partir do
(período) Pleistoceno Médio". "A capacidade de aproveitar raízes e
tubérculos ricos em amido na dieta dos primeiros hominídeos é
considerado um passo potencialmente crucial na diferenciação entre os
primeiros Australopitecinos de outros hominídeos", diz o estudo,
publicado na mais recente edição do The Quarterly Review of Technology.
Em uma linguagem mais simples, isso quer dizer que uma dieta com
alimentos ricos em carboidratos deu a nossos antepassados uma importante
vantagem evolutiva (que algumas das dietas modernas ou em moda
ignoram).
Os humanos têm três vezes mais cópias do gene que cria as amilases
salivares - enzimas que ajudam a transformar os carboidratos em açúcares
- do que o resto dos primatas.
E essa adaptação, dizem os pesquisadores, começou a ser produzida há aproximadamente um milhão de anos.
A importância da culinária
Neste momento, os humanos já haviam aprendido a cozinhar. E a
multiplicação das amilases salivares havia sido uma das respostas de
nosso organismo às possibilidades abertas pelo uso do fogo, pois os
tubérculos crus são muito mais difíceis de processar e transformar em
açúcares utilizáveis.
Segundo a equipe liderada por Karen Hardy, da Universidade Autônoma de
Barcelona, isso confirma a importância da cozinha na evolução humana - e
é uma má notícia para quem propõe dietas crudívoras (com alimentos de
origem agrícolas crus).
Mas uma das hipóteses principais - a ideia de que, sem carboidratos, a
nova dieta não haveria gerado combustíveis necessários para nossa rápida
evolução - também deu novos argumentos aos críticos da chamada "dieta
paleolítica" ou "dieta paleo".
Essa "dieta dos homens das cavernas" se baseia na ideia de que a dieta
dos nossos antepassados era composta principalmente por plantas
silvestres e animais selvagens. E, em geral, exclui alimentos ricos em
amido, responsabilizados por boa parte da obesidade que afeta a
sociedade moderna.
Hardy e sua equipe acreditam que esse não é um retrato adequado da
verdadeira dieta de nossos antepassados. "Alimentos provenientes de
plantas ricas em amido eram uma parte abundante, confiável e importante
da dieta", argumentam no estudo, intitulado "A importância da dieta de
carboidratos na evolução humana".
Eles afirmam que esses carboidratos não só eram comuns como também
foram definidores da evolução humana. E continuam sendo necessários. "Os
humanos modernos requerem uma fonte confiável de carboidratos
glicêmicos para manter o funcionamento adequado de nosso cérebro, medula
renal (parte do rim), glóbulos vermelhos e tecidos reprodutivos",
explicam.
O que não significa que reduzir o consumo de calorias não seja
saudável. Mas certamente confirma que, antes de começar qualquer dieta,
uma consulta com um médico é um passo necessário.
Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF)
- Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia.
Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.
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