Cientistas desenvolvem novo método que diferencia Neardental do Homo sapiens
03/05/2008 - 14h40
Buenos Aires, 3 mai (EFE).- Um grupo de cientistas argentinos desenvolveu uma metodologia de análise de fósseis que oferece novos dados para sustentar a teoria que o Neardental e o Homo sapiens não procedem do mesmo ancestral.
Na comunidade científica existe um amplo debate sobre a pertinência de ambos os hominídeos a um mesmo grupo descendente do Homo heidelbergensis, uma teoria que agora é rebatida pelo estudo realizado pelo Centro Nacional Patagônico, em Puerto Madryn (sudoeste da Argentina).
O diretor do estudo, Rolando Gómez-José, reconheceu hoje à Efe que se trata de uma contribuição científica que vem criar mais controvérsia sobre o tema, e "sem dúvida terá oposição".
"São temas muito sensíveis, que envolvem pessoas com posições muito apaixonadas", indicou.
Mediante o processamento por computador de imagens em três dimensões de crânios de hominídeos de distintas famílias, a equipe argentina conseguiu analisar a morfologia dos restos com maior precisão do que com os métodos utilizados até agora.
Gómez-José disse que esta metodologia, conhecida como "morfometria geométrica", permite tratar as variações de cada grupo em conjunto, ao contrário dos estudos feitos até agora, que analisavam separadamente distintas características como o nariz, a posição da mandíbula e os globos oculares.
Neste sentido, explicou que as imagens digitais "permitem ver diferenças morfológicas mais sutis, que não se apreciam nas análises tradicionais", que apóiam as teorias que consideram o Homo heidelbergensis um ancestral só do Neardental, e não do homem atual, de modo que estes formariam grupos separados.
Segundo o estudo, o Homo Sapiens forma uma "família" com espécies anteriores como o Homo ergaster e o Homo erectus.
O cientista assegurou que com a nova técnica se abrirá "um novo campo de possibilidades para o estudo de genótipos complexos, o que inclui não só os hominídeos, mas também alguns invertebrados e inclusive células cancerígenas".
O estudo do Centro Nacional Patagônico, que será publicado amanhã na revista científica "Nature", foi realizado nos últimos três anos com réplicas de grande qualidade de crânios reais.
UOL
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