Por Fábio de Castro Agência FAPESP – Desmistificar equívocos comuns como “o homem descende dos macacos” e “a evolução das espécies é resultado da sobrevivência dos mais aptos” é um dos objetivos da exposição Unidade na diversidade: a teoria da evolução completa 150 anos, que será aberta na próxima quinta-feira (10/4) no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em Belém (PA).
A mostra, que comemora o primeiro anúncio público da Teoria da Seleção Natural dos naturalistas ingleses Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Wallace (1823-1913), em 1858, é realizada pelo MPEG e pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro, com colaboração do Museu de Anatomia Veterinária da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com o coordenador de Museologia do MPEG, Horácio Higuchi, a exposição, que ficará aberta até julho, reúne painéis e ossadas completas de diversos animais, incluindo elefantes, girafas e gorilas. “O visitante poderá conhecer, por meio de uma abordagem básica, os principais conceitos relacionados à Teoria da Evolução”, disse à Agência FAPESP.
Higuchi explica que o título da mostra remete à unidade na diversidade para destacar padrões que se repetem em toda a variedade de animais existente. “Procuramos explicar os conceitos em uma linguagem bastante simples. Não entramos no nível molecular, apenas nos aspectos mais amplos da evolução”, disse.
Os visitantes poderão observar, por exemplo, as similaridades entre esqueletos como os do elefante africano e do peixe-boi amazônico – animais de continentes distantes que, no entanto, têm parentesco evolutivo. “Um ótimo exemplo da unidade na diversidade poderá ser visto no boto, que preserva a pélvis apesar de não ter nadadeiras na parte de trás”, afirmou.
Tributo a Wallace
Segundo Higuchi, a mostra marca o aniversário da primeira divulgação pública da Teoria da Evolução, feita no dia 1º de julho de 1858, quando os trabalhos de Darwin e Wallace foram lidos na mesma reunião da Linnean Society, em Londres.
“Darwin estava preparando sua teoria há mais de 20 anos, quando recebeu do jovem Wallace um manuscrito no qual desenvolvia idéias essencialmente idênticas às suas. Com isso, ele apressou a publicação de seu livro Origem das Espécies, que foi lançado no ano seguinte”, contou.
Higuchi explica que a exposição também tem a intenção de fazer justiça às idéias de Alfred Wallace. “É uma chance de homenagear esse pai esquecido da teoria evolucionista. Também destacamos o fato de Wallace ter morado em Belém, nas vizinhanças do museu Emílio Goeldi.”
A exposição procura também esclarecer uma série de falácias muito disseminadas a respeito da Teoria da Evolução. Uma delas é que o homem descenderia dos macacos – afirmação jamais feita por Darwin. “Ele sustentou apenas que homens e macacos compartilham uma mesma linhagem, com um ancestral comum que lhes deu origem”, disse Higuchi.
Outro equívoco comum a respeito da teoria é que a evolução das espécies resulta da sobrevivência dos mais aptos e fortes, uma leitura das teorias de Darwin e Wallace feita pelo sociólogo Herbert Spencer (1820-1903), que foi utilizada, no decorrer da história, para justificar idéias como o racismo e a escravatura. A evolução resulta, no entanto, da quantidade de descendentes deixados, sejam eles fortes ou não.
“Outro mito é o que confunde a evolução com o progresso, levando a concluir que um organismo evoluído é melhor do que um primitivo. Os organismos evoluem por meio de pequenas mudanças ao longo do tempo, que podem ser positivas ou não”, disse Higuchi.
- Exposição:Unidade na diversidade: a teoria da evolução completa 150 anos
- Data:10 de abril a julho de 2008
- Local:Pavilhão Exposições Domingos Soares Ferreira Penna – Rocinha. Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi
- Realização:Museu Paraense Emílio Goeldi e Museu Nacional do Rio de Janeiro, com a colaboração do Museu de Anatomia Veterinária da USP.
- Mais informações: http://www.museu-goeldi.br
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