Genoma de orangotango é mais diverso e estável que o de humanos
Sequenciamento genético de duas espécies em risco de extinção abre caminho para estudo da evolução humana
O motivo para a estabilidade no genoma do orangotango ainda não é sabido pelos pesquisadores, mas o sequenciamento mostrou que um elemento repetitivo – um grupo de genes chamado de família Alu – ficou inativo na linhagem dos orangotangos em comparação a humanos e chimpanzés.
“É interessante, pois houve uma aceleração neste tempo de evolução em humanos e chimpanzés, enquanto orangotangos mostraram o padrão oposto, extremamente estável”, disse Devin Locke, geneticista da Universidade de Washington e que liderou estudo publicado na próxima edição do periódico científico Nature.
Locke explica que os genes Alu compõem aproximadamente 10% de todo o genoma humano, e há mais de um milhão de cópias deles no genoma humano. “Ele é muito importante e a falta de atividade deste elemento em orangotangos pode estar relacionado com esta estabilidade estrutural”, disse.
Além do mapeamento genético de Susie, que é da espécie Pongo abelii, os cientistas sequenciaram o genoma de outros cinco orangotangos de Sumatra e outros cinco de Bornéu, todos da outra espécie que sobreviveu até hoje, a Pongo pygmaeus. A comparação mostrou que as duas espécies de orangotangos divergiram há 400 mil anos – estudos prévios sugeriam algo em torno de 1 milhão de anos. “Isto mostra que a história da população de orangotangos é muito mais complexa do que imaginávamos”, disse.
Genoma e espécies ameaçadas
Atualmente há apenas 50 mil orangotangos vivos em Bornéu e 7 mil em Sumatra. O desmatamento é a principal causa da redução nas populações. As duas espécies estão listadas como criticamente ameaçadas de extinção.
A comparação genética mostrou que a pequena população de Sumatra é geneticamente mais variada que a de Bornéu. De acordo com o estudo, a profunda variabilidade dos orangotangos de Sumatra em comparação com os de Bornéu é importante para a perspectiva de conservação das espécies.
“Nós não podemos dizer que a diversidade genética de orangotangos de Sumatra foi fator preponderante para a extinção pelo desmatamento, mas pode ter ajudado. Isto seria uma coisa boa do ponto de vista da conservação, pois há muita diversidade na natureza ainda preservar”, disse.
O motivo desta diferença ainda é um mistério para os pesquisadores. Devin lembra que a população humana é enorme e não muito diversa geneticamente. “Aqui temos exatamente o oposto. A questão é que as forças de levar a este arranjo geográfico?
Muita coisa ainda precisa ser respondida, mas agora temos ferramentas genéticas, como o genoma sequenciado e dados sobre a população, para começar a abordar essas questões”, disse.
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